Por Lesley Wroughton e Tim Kelly
WASHINGTON/TÓQUIO, 30 Nov (Reuters) - Os Estados Unidos aconselharam suas companhias aéreas a notificarem as autoridades chinesas sobre seus planos de voo durante viagens na região da zona de defesa que Pequim estabeleceu há uma semana, elevando o nível de tensão no leste asiático.
Os EUA disseram esperar que as empresas operem alinhadas com um documento que alerta sobre a segurança de um voo, emitido pelos governos estrangeiros, acrescentando contudo que a decisão "não indica que o governo dos EUA aceita as exigências da China".
O conselho contrasta com a atitude do aliado Japão, cujas duas maiores companhias aéreas fizeram um acordo com o governo japonês para voar pela zona sem notificar a China.
Pequim quer que os aviões estrangeiros que ingressarem na zona sobre o Mar da China Oriental -incluindo os de passageiros- sejam identificados.
Uma autoridade do governo dos EUA afirmou que a atitude chinesa parece ser uma tentativa unilateral de mudar o status quo no Mar da China Oriental, o que pode "elevar o risco de erro de cálculo, confrontos e acidentes".
"Pedimos que o governo chinês seja cauteloso e contido, e estamos consultando o Japão e outros afetados na região", afirmou a autoridade.
A zona inclui os céus sobre ilhas envolvidas em uma tensa disputa territorial entre Japão e China e representa aos EUA um desafio histórico do surgimento de uma nova potência mundial, em uma região dominada pelos norte-americanos há décadas.
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, deve visitar a China, o Japão e a Coreia do Sul na próxima semana, e tentará amenizar as tensões sobre o assunto, disseram autoridades norte-americanas.
Desafiando a criação da zona de defesa aérea chinesa, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul realizaram voos militares na região nesta semana, sem avisar Pequim.
Na sexta-feira, a China destacou caças após dois aviões dos EUA e dez aeronaves japonesas, incluindo caças F-15, terem entrado na zona, informou a agência de notícias estatal Xinhua.
Os caças foram para a região para monitorar os aviões estrangeiros, disse a agência estatal, citando o porta-voz da força aérea, Shen Jinke.
(Reportagem adicional de Phil Stewart em Washington e Sui-Lee Wee, Michael Martina e Paul Carsten em Pequim)